domingo, 23 de novembro de 2025

POSFÁCIO

  (Paráfrase do poema "Epílogo" de Gregório de Matos)


O que sobra nesta cidade? ...  Desigualdade
Ela estimula qual preceito? ...  Preconceito
O que traz a impaciência? ...  Violência


Na luta pela existência,
O povo sofre as dores
Resumidas em três fatores:
Desigualdade, preconceito, violência.

O que conduz uma acepção? ...  Discriminação
Quem controla a intolerância? ... Ignorância
Qual o maior dos abismos? ....  Racismo
 
Lamentável egoísmo
Daqueles sem empatia
Que semeiam todo dia:
Discriminação, ignorância, racismo.
 
Quem são rejeitados pelos nobres? ... Pobres
Quem predominam nos guetos? ... Pretos
Qual a categoria dos assalariados? ... Proletariado
 
Um país envenenado
Por racismo estrutural
Persegue, de modo brutal:
Pretos, pobres, proletariado.
 
As oportunidades são justas? ...  Injustas
Qual o perfil das políticas vigentes? ... Excludentes
E as ações no trabalho ao longo da história? ... Discriminatórias
 
Teorias contraditórias,
Normas que regem a máquina;
São, na verdade, uma prática:
Excludente, injusta, discriminatória.
 
O que dá sentido à vivência?... Consciência
Qual a meta do momento? ... Empoderamento
Para que reafirmar a identidade?... Ancestralidade
 

Na luta por igualdade
Há justiça e respeito
Incluídos nos conceitos:
Consciência, empoderamento, ancestralidade.

E o preço da liberdade? ...  Dignidade
Isso traz qual garantia?...  Autonomia
Qual riqueza que perdura?... Cultura
 
A arte e a literatura
São braços de resistência
Que promove, com essência:
Dignidade, autonomia, cultura.
 
Zizi, 23/11/25

sábado, 22 de novembro de 2025

LUCINEIDE E MARIA VALÉRIA: SABORES LITERÁRIOS:

Cada qual com seu valor,
Em estilos diferentes,
Torna o ler mais saboroso
Pelos seus ingredientes
Temperado com magia,
Sabor prosa e poesia
Bem ao gosto dos clientes.  
 
De um lado, Lucineide,
Porta-voz dos ancestrais,
De outro, Maria Valéria
Tece registros plurais.
Ambas, na literatura,
Marcam presença e cultura,
Com obras essenciais.

Zizi, 21/11/25 

 

(Estrofe com dez versos:)

Escritoras de valor,
Mesclam prosa e poesia,
Temperados de magia,
Com capricho e amor.
Seus escritos têm sabor
E dosagens diferentes,
Tornando seus componentes
Dignos de um banquete
Com direito a um bilhete
Bem ao gosto dos clientes.




BOM DIA COM DEUS


(Poema criado a partir do texto da Márcia)

Irradie entusiasmo
E força ao acordar
Pois depende de você
Para um dia começar
 
Não permita que o passado
Fragilize o presente
Confie no amor de Deus
E viva plenamente.
 
Permita que a vida
Sorria para você,
Sorria para ela
Sem perguntar o por quê.
 
Às vezes, basta um sorriso
Para gerar confiança;
Com otimismo e gratidão
Deus reforça a esperança.
 
Tenha fé e alegria,
Nunca deixe de sorrir;
Mantenha  a paciência
Para tudo voltar a florir.
 
Celebre a vida com Jesus,
Refloresça todo dia,
Ele sempre no controle
É a melhor companhia.
 
Zizi, 21/11/25
 

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

PERCEPÇÃO SENSORIAL


A poesia
Brinca com sentidos:
Enxerga colorido,
Exala aromas diversos,
Produz toadas,
Tem sabores para todos os gostos,
Roça suave a mente e o coração.
É um balaio de sinestesia!

 

Zizi, 19/12/25 

CONSCIÊNCIA NEGRA


Qualquer palavra é gota
Ao citar a resistência,
Negritude representa
Raiz, luta, consciência,
Preservar a identidade,
Honrar a  ancestralidade,
Dar sentido à existência.


Zumbi, semente que vive:
No grito de liberdade,
Na força da persistência,
No direito à igualdade,
Na luta antirracista,
No ideal para a conquista
Da cura da humanidade.


NÃO a qualquer atitude 
Que reforce o grande mal, 
Identificado como
Preconceito racial; 
É misto de intolerância,
Desrespeito, ignorância,
Mente crua e irracional.


Convém lembrar que esta data
Não promove só lembranças;
As pessoas deveriam
Atuar em mais mudanças
Que tornasse a teoria
Prática do dia a dia,
Unindo-se em alianças.


Zizi, 20/11/25

domingo, 16 de novembro de 2025

MULTIVERSOS em “M”

 


Monotonia massacrante
Mofam marido e mulher.
Mesmo morando no mesmo mundo,
Migraram da mesmice
À moradia maluca
De um multiverso.
 
Manifestações das matronas
Movimentam mudanças,
Mas minguam,
No miserável mundo moralista do machismo:
Máscaras mentirosas
Minimizam os maus-tratos às mulheres.
 

                                   Malditos machos!                                   
 Mandões, maléficos, 
Manipuladores e melodramáticos,
Que martelam mil maneiras mesquinhas
De manter o monopólio masculino.
Mestres da manobra,
Musculosas mentes maquiavélicas.
Modestos monstros
Ou meros marginais?

 
Em meio a multidões,
Maculadas e magoadas meninas e moças
Movem-se com menos munições
E murmúrios mal-humorados.
Maior medo:
Morrer nas mãos dos maníacos
Que molestam moleques
Nos muquifos dos manicômios.
 
Mulheres malogradas
Por manchas ou mutilações
Ministram meios de manter
A missão da maternidade
E a manutenção metafórica do matrimônio,
Multiplicando a monumental
Massa de moradores no mundo.
 
Maximizam a miséria
Maquinando mix de maluquices nas marmitas:
Migalhas de moqueca morna
Com metade macarrão ao molho e mandioca.
Nas mesas, Moscas e mosquitos
Marinam os morangos maduros.
Manjar de merda!!
 
Mas,
Meretrizes maduras e misteriosas,
(Musas mais ou menos más),
Maravilhosamente maquiadas,
Com mamas à mostra,
Mesclam magia e malícia
Mostrando a metamorfose milagrosa
Das mútuas massagens:
Muitos mantos macios
Marcados com o mel dos másculos,
Nos melindrosos momentos molhados.
Moralmente malvistas,
Mantêm-se à margem.
Minam moedas,
Montante de mil a milhões.
Mexericos?
Menosprezam!
Méééé!!

 

Zizi, 16/11/25

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

VIOLÊNCIA INVISÍVEL AOS OLHOS ALHEIOS


Alguém já questionou
O padrão de tratamento
Que o homem dá a esposa
Logo após o casamento?
Para os outros, é gentil;
Com a esposa é hostil.
Por que tal comportamento?
 
Lamentavelmente, o homem
Não percebe a realidade,
Considera que a esposa
É sua propriedade,
Ou melhor, é sua escrava,
Que ele pode pôr a trava,
Tirando sua liberdade.
 
Ser livre não representa
Agir com libertinagem:
Transgredindo os limites,
Aderindo à vadiagem;
Liberdade é um direito,
Que começa com respeito
Na individualidade.
 
Pessoa com bons princípios
Sabe usar a autonomia;
Suas falas ou ações
Não ferem a cortesia;
Não invade o espaço alheio,
Não constrói esse bloqueio
Contra a própria companhia.
 
Quem tem um marido assim,
Vive com um narcisista;
Tem a vida condenada
Pelo instinto egoísta
Que busca só benefícios
E não mede sacrifícios
De exploração da conquista.
 
Engraçado como alguém
Se acha bem-merecido,
Usufruir de vantagens
E ser mal-agradecido;
É o centro do universo,
Exige, mas dá o inverso,
Não ouve e quer ser ouvido.
 
Na rua, escuta, elogia,
Conversa com todos, sorri,
Aos insultos? Nem reage,
“Não quer se indispor ali”.
Mas, em casa se transforma:
Atua da pior forma:
Impaciente e  cri-cri.
 
Responde com monossílabos,
“Vira os olhos” , “dá as costas”,
Grita para interromper,
Distorce cada resposta
Para se passar por vítima.
Quase soa: “legítima”
A farsa tão bem exposta.
 
Para o público: os louros,
O resto para o privado;
Aos outros: muito simpático,
À esposa: mal-humorado.
Busca fora admiração,
Faz em casa a inquisição:
Julga tudo como errado.

Cego, surdo e insensível
Às necessidades dela,
Mas, falante ao apontar
Qualquer falha ou mazela.
Se ele errou, dá uma desculpa
E atribui a ela a culpa,
Reduzindo sua parcela. 


Os pedidos da esposa
Nunca são prioridade,
Resolve de qualquer jeito,
Sem capricho ou qualidade,
Fica claro que incomoda,
Deixa escapar um “é foda!”
Com cara de má vontade.
 
Quando um homem é um mel
Para as pessoas de fora,
E em casa ele despeja
O seu fel a toda hora,
Isso nunca é normal,
É abandono emocional
Que com o tempo só piora.

Não aceite ser tratada
Como um simples objeto,
Mulher também é sujeito
Pra formar um par completo.
Não à coisificação,
Sim à valorização:
Modo simples e direto. 

 
Parceria representa
Muito mais do que estar junto,
É o apoio, companhia,
Conversar qualquer assunto.
Agir com cumplicidade,
Ter amor e amizade,
Ambos: ser um só conjunto.

 

Zizi, 13 NOV 2025


quarta-feira, 12 de novembro de 2025

BRUNO, FELIZ ANIVERSÁRIO!

 


Hoje é o aniversário
Do meu amado afilhado.
A palavra já transmite
Todo seu significado:
Como um filho, é protegido,
Respeitado e querido,
Um presente estimado.
 
A festa é para ele,
E nós, os agraciados
Por laços especiais
Com um ser abençoado:
Moço lindo, inteligente,
Responsável, competente,
Cauteloso, equilibrado.
 
Seus caminhos são seguros,
Os passos bem planejados,
As decisões pertinentes,
Projetos qualificados,
Metas viabilizadas,
Escolhas selecionadas,
Planos sempre renovados.
 
Outros pontos se destacam
E vale a pena mencionar:
É ligeiro e perspicaz
Pra fazer rir ou pensar,
Bruno gosta de piadas
Acrescidas de pitadas
De escárnio pra temperar.
 
Atento no seu silêncio,
Limita alguns comentários,
Vida alheia, por exemplo,
Não é tema necessário.
Seu tempo é precioso,
Gastar em campo danoso,
Não combina com o cenário.
 
Portanto, é uma honra
Ter essa conexão,
Garantia de um vínculo
Que transcende a ligação:
Surge por afinidade,
Vira preciosidade
E habita o coração.
 
Zizi, 12/11/25

terça-feira, 11 de novembro de 2025

INTRIGAS DA NATUREZA


 Ontem, eu fui testemunha
De uma disputa acirrada:
De um lado, o grande sol
Em sua tez bronzeada,
E um grupo de desordeiras,
Nuvens nada passageiras,
Cogitando a chuvarada.
 
O sol brilhava no céu,
Aquecendo o belo dia,
Bem tranquilo e confiante
Da importância que exercia.
Sem argumentos contrários,
Pois não havia adversários
Com sua força e energia.
 
Orgulhoso e imponente,
No trono permaneceu,
Sem perceber que por perto
Algo estranho aconteceu,
Chegando devagarinho,
Alterando, com jeitinho,
A paisagem escureceu.
 
O astro rei, rapidamente,
Reagiu à provocação,
Quis mostrar o seu poder,
Com ameaça e punição:
Expandiu o seu calor
Com os raios e vapor
Pra dar cabo à situação.
 
Em quantidade maior,
As nuvens se espalharam,
Formaram um grande círculo
E em torno dele ficaram;
Com deboche e brincadeira,
Deram-lhe várias rasteiras,
E por fim, o derrubaram.
 
Dominado pelo grupo,
Sem chance e sem amparo,
O sol se viu obrigado
A pagar um preço caro:
Aceitar uma derrota,
Alterar a sua rota,
Buscar um melhor preparo.
 
As nuvens, por sua vez,
Sentiram-se empoderadas,
Sem ninguém para impedir
As chuvas e trovoadas.
Lançaram em mutirão:
Tempestades, furacão,
Com cidades alagadas.
 
Enchentes, tsunamis,
E baixa temperatura,
Devastação sem medida/
Abalaram a estrutura.
Tragédias incontroláveis,
Por atos irresponsáveis
Daquelas tristes figuras.
 
Perceberam que seu erro
Teve grave consequência.
Precisava reverter
O quadro com muita urgência.
A única solução
Seria pedir perdão
Pelos atos de demência.
 
As nuvens, arrependidas,
Chegaram meio sem jeito,
Conversaram com o sol
Sobre o que elas tinham feito.
Com pedidos de desculpas,
Assumiram toda a culpa
Desde a causa, até o efeito.
 
O sol olhou para a terra
E viu a calamidade
Causada pela tormenta
No campo e na cidade.
Só ele que poderia
Liquidar essa agonia,
Com toda a propriedade.
 
Sem hesitar, se lançou
Sobre a terra, num compasso,
Aquecendo cada parte,
Acolhendo-a num abraço,
Com calor suficiente
Pra salvar o continente,
Desfazendo o embaraço.
 
Concluída a tal missão,
Respiraram, aliviados,
O planeta estava salvo,
Dos excessos provocados.
Em meio às circunstâncias,
Reduziram as distâncias
E tornaram-se aliados.
 
Não há melhor, nem pior,
Só existe o diferente,
Cada qual tem a função,
Mas, são interdependentes.
Basta a simples sintonia,
 Transformar em parceria
Que o equilíbrio é presente.
 
Zizi, 11/11/25

 


domingo, 9 de novembro de 2025

RECEITA DE BOM DIA



Acordei, pensando em um bom dia, 

Levantei confiante que  será,

Pois, se depender de mim, ficará,

Se eu seguir a receita da alegria.

Tenho os ingredientes que devia,

Basta usá-los na medida correta,

Aquecer em temperatura certa,

Fortalecendo a mente e o coração,

Com amor, confiança e gratidão

A leveza da vida se completa.


Zizi, 09/11/25

 

sábado, 8 de novembro de 2025

MERLIN

 


Lindo, branco, olhos azuis,
Mas sofre por ser felino,
Outras cores o desprezam
E batem nesse “menino”.
Ama o colo da “mainha”,
Mia, roça, faz gracinha
E finge ser pequenino.
 
Semelhante ao Gasparzinho:
Sempre à procura de amigos.
Com a Matilde, não deu certo,
Rajada e Jeep: inimigos,
Com Margot, curtiu bastante,
Diversão a todo instante,
Brincadeiras sem perigos.
 
Embora seja um gato,
Sempre envolvido em intrigas,
Madalena e Ludmila:
Suas melhores amigas,
Cachorrinhas companheiras,
O protegem, são parceiras
Desde épocas antigas.
 
Zizi, 08/11/25


CABELOS COLORIDOS PELO TEMPO




A linha do tempo faz suas marcas
Com tons que formam uma alegoria
Há pontos em que as cores são um fardo,
Com nós que dificultam a travessia.
É o relógio do tempo alertando:
O pincel da idade está pintando
Meu cabelo da cor que eu não queria.

O corpo dá sinais de intolerância,
Alterando a cadência que existia,
Nova fase requer mais atenção,
Viver bem é curtir com garantia,
E assim, sigo existindo e pontuando,
O pincel da idade está pintando
Meu cabelo da cor que eu não queria.

Zizi, 08/11/25





sexta-feira, 7 de novembro de 2025

VIDA EM TIRAS


Infância violada
Leis patrocinam a desonra:
Corpos à deriva!

Vidas sem futuro,
Destinos sob desatinos,
Corpos descartáveis.

Zizi, 06/11/25

 

terça-feira, 4 de novembro de 2025

NOVEMBRO


Mês de novembro inicia
Com lembranças e saudade;
Dias depois comemora-se
O "golpe da liberdade";
Em seguida, a Consciência
Zela pela permanência 
Dos princípios de igualdade.


 É um mês bem generoso
Que traz para o seu agrado, 
Além dos fins de semana, 
Mais dias de feriado,
Permitindo uma pausa
Que elimine toda a causa
Desse estresse acumulado.


 Dias longos, noites curtas, 
Primavera em transição:
Com vento, chuva e calor
Antecipa o verão.
A Natureza agradece,
Em seu verde, ela floresce,
E decora a estação.


Zizi, 04/11/25


Sem Poesia, como seria...


Pôr do sol em preto e branco,
Manhã com pouca energia,
Poetas adormecidos, 
Sonhando sem fantasia,
Perdidos, insatisfeitos, 
Talvez fosse desse jeito
A vida sem poesia


Pesadelos toda noite, 
Insônia durante o dia,
As horas passam maçantes,
Desprovidas de alegria, 
Passos lentos, imperfeitos,
Talvez fosse desse jeito 
A vida sem poesia.


Silêncio ensurdecedor,
Vozes que ninguém ouvia,
Caminhada sem destino,
Vagando sem companhia,
Causa sem nenhum efeito.
Talvez fosse desse jeito
A vida sem poesia.

Zizi, 03/11/25




Santinhos? Jamais!



Os homens se apropriaram
De forma equivocada
Dia de Todos os Santos
Para eles é piada,
São "Santinhos do pau oco"
Todo castigo é pouco,
Pois de santo não têm nada!!

01/11/25

terça-feira, 28 de outubro de 2025

Eva Potiguara (Os Herdeiros de Jurema)


E  Em prosa, lança a semente
V  Vestida de força e luta, 
A  Ancestralidade grita
Para aquele que a escuta:
O  Os Herdeiros de Jurema
Tem enredo de um poema:
I   Ilustrando uma disputa.
G  Guerras marcam gerações 
Usurpadas pelas gentes 
A  Atreladas ao poder,
Ricos e indiferentes
À  À cultura dos nativos, 
    Seus valores e cultivos.
    Indígenas resistentes!

    Os Herdeiros de Jurema:
    Epopeia bem real,
    Descrições minuciosas,
    Uma mostra cultural,
    Um chamado à consciência,
    Uma aula de resistência,
    O passo para o ideal.

IMAGEM É POESIA


O vento promove
A leveza do bailar.
Nasceu um poema!

Folhas ensaiam
Num sopro da natureza
O ritmo perfeito
Zizi, 28/10/25

domingo, 19 de outubro de 2025

FAZER POEMAS (Versos decassílabos, estrofes décima)



Fazer poemas é um desafio,
Seja qual for o modelo escolhido,
Lançar palavras e dar-lhes sentido,
Tocando o coração num arrepio.
O retorno vem em vaia, assovio,
Ou pode até causar indiferença,
Tudo é válido como uma presença
Que tornou o poema divulgado.
Todo texto tem um significado,
De acordo com o que cada um pensa.
 

Não importa qual a forma escolhida
Se a ideia não for bem apresentada,
A palavra diz tudo ou quase nada,
Pode até conter mensagem escondida.
O poema faz seu peso e medida,
Tanto no verso branco ou no rimado,
Quanto no livre ou no metrificado,
Poesia é voo livre que cativa,
É a busca de nova perspectiva,
O abrigo de um mundo que nos é dado.

 

 

Zizi, 17/10/25

ZUILA E ZOIM (Deslize)


"Vala me Deus nosso senhor 
Que o mundo vai acabar 
Zuila teve um filho 
Solteira sem casar
Foi a água da enchente 
Que ela bebeu sem coar"

(...)

O povo tá preocupado
Se o mundo vai acabar,
Só porque Zuila é mãe,
Mas Zoim não quis casar,
Num momento de fraqueza
Encantou-se com "a princesa",
E tem um preço a pagar.

Zuila se distraiu
E Zoim se aproximou;
Zuila  falou:  “Bom dia’
E Zoim se atrapalhou;
Achou que era uma boneca,
Não perdeu tempo e brincou.

.................

ADEUS, QUITAIÚS! (Homenagem ao amigo/irmão Antônio de Pádua)

 

 

O Distrito: Quitaiús,
Só quem dá jeito é Jesus:
De dia falta água
De noite falta luz
As padarias fechadas
As ruas pouco habitadas,
E nos cafés não tem nem cuscuz.
 
Quitaiús não mudou nada
Da época em que morei,
Tudo está no mesmo canto
Do jeito que eu deixei,
O tempo por lá parou.
Qual artista que pintou
Esse quadro? Eu não sei.
 (...)
 
Valei-me, Nossa Senhora!
Que o moço embrabeceu,
Só por que brinquei em versos
Com a cidade onde nasceu,
Só morou lá alguns anos,
E depois mudou os planos,
E o  lugar nunca cresceu.
 
Eu conheço esse rapaz
Desde que eu era criança
Nossos pais eram amigos
Da mais alta confiança,
Morávamos lado a lado,
No bairro acima citado,
Guardei todas as lembranças.
 
 Por isso, posso afirmar
Com toda propriedade,
Faço parte de um contexto
Nutrido pela amizade:
Narrarei a sua história
Que carrego na memória,
Com precisão e verdade:
 
Um casal, nosso vizinho:
Virgílio e Idalina
Cuidavam dos seus seis filhos
E, em meio a essa rotina,
Trabalhavam no cartório,
A casa era o escritório
Com ordem e disciplina.
 
No cartório, Seu Virgílio
Trabalhava com atenção,
Elaborava os registros
De cada situação:
Óbitos e nascimentos,
 Escrituras, casamentos.
Toda e qualquer certidão
 
A linha do tempo segue
E traz notável mudança:
Filhos crescidos, colégio,
Novos gastos e cobrança.
Outra fase iniciada
Para o voo da garotada
Voltado à liderança.
 
Quitaiús era pequena
Tinha pouco a oferecer,
Para concluir o estudo
E no futuro ascender,
Deveria ir embora,
Trabalhar e estudar fora,
Crescer e amadurecer.
 
Então, mudou de cidade
Para poder frequentar
Um colégio nível técnico
E assim poder estudar;
Tinha plano esse rapaz,
Sabia que era capaz
De um futuro conquistar.
 
Seu primeiro desafio:
Arrumar uma moradia,
Não conhecia ninguém
Pra compartilhar o dia.
Seu pai rápido conversou
E um cantinho ele arrumou
Na cidade aonde ele iria.
 
Foi morar com a família
Conhecida de seus pais,
Foi muito bem recebido
Teve apoio e tudo mais,
Como um filho foi tratado,
Por todos foi abraçado,
Teve direitos iguais.
 
Mas, não era só estudos,
Precisava trabalhar
Para bancar as despesas,
O lazer e namorar.
Seu sonho foi atendido:
Numa loja de tecido
Foi balconista exemplar.
 
Teve que se organizar
Com a nova realidade;
A fase adulta chegara
Com suas prioridades;
De dia, ele trabalhava,
À noite, ele estudava,
Que responsabilidade!
 
Seu Antônio, atencioso,
Com conselhos, o alertava:
A fazer escolhas certas
Nas estradas que passava:
"Ter em mente sempre o bem,
Sem prejudicar ninguém",
Seu exemplo motivava.
 
D. Raimunda, zelosa,
 Cuidava com o coração,
Preocupada com tudo:
Casa, roupas, refeição.
Com carinho e doçura,
Consertava com costura,
Ficava uma perfeição!
 
As filhas deste casal
Foram se acostumando
A ter um irmão em casa,
E o tempo foi passando.
Cada uma com seu jeito,
Conquistou o seu respeito
E o vínculo foi formando.
 
A amizade prosperou,
Transformou-se em parceria,
Compartilhavam aventuras,
Curtiam a companhia.
Entre risos e risadas,
Brincadeiras e piadas,
Dividiam o dia a dia.
 
Deus encontra muitas formas
Para nos presentear
Muitas vezes são pessoas
Que o destino faz cruzar,
Chegam um dia, de mansinho,
Ficam em nosso caminho,
Para nos abençoar.